Surdo
O surdo
é um tambor cilíndrico de grandes dimensões
e som profundamente grave. O surdo é tipicamente feito de
madeira ou metal e possui peles em ambos os lados. Este tipo de
tambor baixo é tradicionalmente usado em escolas de samba,
cada escola tendo em média de 25 a 35 unidades na sua bateria.
Sua função principal no samba é a marcação
do tempo. Surdos também podem ser encontrados em bandas marciais
ou militares e geralmente são utilizados para marcar o pulso
binário da marcha, em conjunto com o bumbo e a caixa.
O nome surdo
pode designar também o tom-tom mais grave de uma bateria,
o floor tom, que geralmente fica apoiado sobre pés próprios,
ao lado direito do baterista (no caso de bateristas destros).
Construção
O surdo possui
um corpo cilíndrico feito de madeira ou metal. As peles podem
ser feitas de couro natural de cabra ou boi ou ainda sintéticas
(plástico). São fixadas ao corpo por anéis
de aço galvanizado ou alumínio. A tensão é
realizada por tirantes de aço tensionados através
de parafusos e porcas. O diâmetro varia entre 40 cm e 75 cm.
Surdos de samba possuem uma profundidade típica de 60 cm.
Surdos usados no samba-reggae são menos profundos (50 cm).
Tipos
de surdo
Na bateria de
uma escola de samba há três tipos de surdo. O maior
é chamado primeiro surdo ou surdo de marcação.
Com cerca de 75 cm de diâmetro, é o maior e mais grave
instrumento da bateria e fornece a referência de tempo (pulso)
para todos os ritmistas. O surdo de marcação bate
o segundo tempo do ritmo binário típico do samba.
Também é usado para fornecer a pulsação
inicial no início da apresentação. (em uma
marcação 1-2, 1-2, ele marcaria o tempo 2)
O segundo surdo,
um pouco menor (cerca de 50 a 60 cm de diâmetro) e menos grave
que o primeiro é chamado de segundo ou surdo de resposta.
Ele bate o tempo 1 do ritmo binário.
O menor dos
surdos de samba, chamado de terceiro surdo ou cortador tem diâmetro
de cerca de 40 cm e toca um ritmo mais complicado e sincopado, preenchendo
(cortando) os tempos marcados pelos outros dois surdos. A combinação
dos três surdos fornece a célula rítmica de
base para toda a escola de samba.
Execução do surdo
O surdo é
fixado ao ombro do percussionista por uma tira de couro (talabarte)
e posicionado para que a pele superior fique aproximadamente na
horizontal.
É tocado
com uma baqueta em uma mão e com os dedos e a palma da outra
mão. A baqueta é feita de madeira e tem uma ponta
forrada de feltro ou couro e ocasionalmente algum material de enchimento
cobrindo a ponta de madeira. Enquanto uma mão toca o tambor
com a baqueta, a outra abafa ou toca ritmos de suporte em torno
do pulso principal. Um ritmista experiente pode obter vários
padrões diferentes ao abafar e tocar o instrumento com a
pele solta. Também é possível variar o som
ao tocar a pele em pontos diferentes: próximo ao centro o
som possui uma grande ressonância e volume sonoro. Próximo
às bordas, o som é mais abafado. Outra diferenciação
é possível se a posição de ataque da
baqueta for variada: Ela pode ser batida lateralmente ou perpendicularmente
à pele, com resultados sonoros diferentes em cada caso. A
batida no anel produz um som seco e metálico.
A execução
com uma baqueta e a mão, típica do samba também
é usada pelo repinique que muitas vezes é considerado
um surdo muito pequeno.
Em bandas militares,
o surdo possui tamanho pequeno (no máximo 50 cm) e é
tocado com duas baquetas, em geral tocando o primeiro e segundo
tempo do padrão binário, ou células rítmicas
pouco complexas.
Em grupos de
samba-reggae, como a Timbalada ou o Olodum, típicos do carnaval
da Bahia, os papéis do primeiro e segundo surdo são
invertidos, o primeiro tocando o tempo 1 e o segundo tocando o segundo
tempo. Nestes grupos, o terceiro é tocado com duas baquetas.
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